O meu filho só quer a minha atenção! Pé Descalço by Tânia Silva
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Tânia Borges

O meu filho só quer a minha atenção!

“O meu filho só quer a minha atenção!” Tens uma criança a exigir constantemente ser o foco do teu universo – todo o dia, todos os dias?

A criança exige atenção constante, e se alguém, principalmente tu, não lha deres, ou faz uma birra ou faz algo que não devia. Por isso, tens de lhe dar a atenção. Já tentaste dizer que precisas de fazer X durante 5 minutos e depois brincas. E às vezes a criança aguenta um ou dois minutos, mas volta logo. Se mantiveres a tua posição, ela faz algo ou perigoso ou destrutivo, o que acaba por exigir a tua atenção. Sentes que passas os dias a entreter, acalmando as birras e emoções, e a apagar fogos. Estás a stressar!

 
Isto parece muito desafiante, mas a solução é na verdade bastante simples, o que não significa necessariamente fácil. Os nossos filhos podem e vão exigir de nós. Depende realmente de nós sentirmo-nos ou não cativos dessas exigências. Portanto, a chave aqui é ajudar a criança a sentir-se mais confortável no seu lugar no lar. A criança pode sentir-se confortável por ter todo este poder para mexer contigo. Por isso, queremos tentar não dar ao seu comportamento esse tipo de poder. Com esse poder vem a responsabilidade da nossa parte.
 
Por exemplo, estás a tentar acalmar a birra e as emoções intensas, tomas o papel activo dessa forma, e talvez estejas a desperdiçar muita energia onde não só não é necessária, como também pode atrapalhar, porque estás a ensinar que te pode manter cativa e a parar tudo sempre que está chateada.
 
Se a criança está realmente magoada ou muito perturbada, é óptimo parar, conectares-te e dizer: “Uau, sim, não gostaste quando eu disse não sobre X”, ou “Sim, ouvi dizer que querias mesmo fazer isto e eu não te deixei”. Mas para além disso, não tens de parar, esperar, persuadir ou… O que ajuda é assumir um papel mais passivo nas emoções dos nossos filhos, onde estamos a aceitar e estamos apenas a deixá-los estar/sentir.

Estamos apenas a deixar que as explosões aconteçam, mantendo o nosso próprio centro e sem tentar fazer nada, excepto acalmarmo-nos, lembrando-nos de que estamos a salvo. Portanto, estamos a relaxar, a respirar, e a deixar de gerir os sentimentos dos outros, que NUNCA controlaremos.

 
Quando as crianças estão no meio de uma birra, é melhor não dizer nada porque realmente não te vai conseguir ouvir. E se te vir a falar, pode sentir que estás a tentar dissuadi-la ou a explicar a tua posição novamente, ou de alguma forma a não aceitar estes sentimentos.
 
Talvez a criança esteja agarrada às tuas pernas e tens de dizer: “Tenho de caminhar até aqui, por isso vou ter de tirar os teus braços das minhas pernas”. E depois fá-lo com muita calma, com a maior confiança amorosa possível, e podes dizer: “Sim, é realmente difícil. Está a ser-te difícil largar-me agora mesmo”.
 

Mas dentro de ti, estás a trabalhar para te sentir segura, firma, aceitando.

 
Não só é melhor para nós sentirmos que somos os líderes (amorosos) como também é melhor para a criança. As crianças não querem ser estas personagens todo-poderosas e exigentes. Acontece, claro, mas é uma perspectiva em que vale a pena trabalhar. Porque quando não estamos a gostar dos nossos filhos em momentos como estes, porque nos sentimos presas, stressadas, eles sentem isso e isso contribui para o seu desconforto e comportamento errático.
 

Os sentimentos da criança são os seus sentimentos e não a tua responsabilidade de fazer outra coisa que não seja aceitar.

 
Por vezes o teu filho só quer a tua atenção e testa, para encontrar liderança. E em vez disso está a sentir, e eu compreendo como é fácil ser apanhada por isto, mas a criança está a sentir desconforto nos seus líderes que talvez sintam que têm de a manter feliz, acalmar e confortar e fazer com que tudo fique bem, o que é uma receita para a nossa frustração.
 
Por isso, eu estaria bem com a criança a gritar comigo quando a tento abraçar. Ouvi que ela não está contente, mas mesmo assim estou ali, vou abraçar, e posso dizer: “Estás mesmo a tentar interromper isto”. Eu vejo isso”.
 
Quanto mais cedo puderes saltar para este papel com confiança, mais cedo ela vai parar, ou pelo menos acalmar-se, e fazer a transição de volta para ti.

Na verdade, temos a melhor hipótese de sermos líderes calmos, confiantes e gentis se viermos de um lugar de força, e poder é quando não temos de gritar, “Pára. O que estás a fazer?”!

Força e poder é quando podemos ser mais silenciosos e podemos dizer: “Oh, uau, muito interessante”. Estás a fazer isso outra vez. Eh?”. Não o torna excitante, não o torna divertido para a criança. Porque, na verdade, duvido sinceramente que seja divertido. Mesmo que a criança esteja a sorrir, é um sorriso desconfortável e inseguro. Não é o tipo de sentimento de felicidade centrado que queremos que tenha.

Mas primeiro tem de estabelecer que tem líderes em casa e que o líder não é ela, e depois vai acalmar-se. Por isso, tem muita confiança quando disseres: “Tenho de fazer isto durante cinco minutos”.

O que a maioria das crianças realmente quer e precisa ao pedir para brincarmos é a atenção indivisível da nossa parte. Elas não precisam de nós para brincar com elas e criar ideias com elas, fazer as acções com elas. O teu filho só quer a tua atenção plena. Quando assumimos um papel passivo na brincadeira, as crianças recebem mais da experiência de fluxo auto-dirigido e não precisam de confiar sempre em nós para brincadeiras e entretenimento.

E depois, sê realmente clara quando não se pode brincar e sente-te bem com a decisão. Não há nada de negativo nisso. É a vida a acontecer.

Tenta estar mesmo presente e focada, quando estão a ter as “rotinas de cuidados”. Não tens de comer com a criança, mas quando está a comer, estás lá. Não estás ao telefone.

Vai tirando estes momentos sempre que puderes ao longo do dia, enchendo o copinho. Trocar fraldas ou ajudá-la a ir à casa de banho, ou tomar banho ou ter tempo para se vestirem juntos, estar lá para a apoiar e ajudar tanto quanto ela precisar ou quiser nessas situações.

Todas estas coisas ajudarão as crianças a serem mais capazes de nos libertar na hora de brincar. Mas mesmo assim, precisas de ser o líder confiante quando não der mesmo e aceitar que as crianças (infelizmente!) não vão dizer: “Claro! Vai lá fazer o que precisas! Demora o tempo que precisares! Eu fico aqui a brincar sozinha”.

A criança não precisa de atenção constante. Nenhuma criança precisa. Precisa de líderes seguros constantes.

Espero que esta perspectiva ajude.

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