Restringir movimento e desenvolvimento do bebé
Picture of Tânia Borges

Tânia Borges

Estás a restringir o movimento e desenvolvimento do bebé?

Estás a restringir o movimento e desenvolvimento do bebé?

Atualmente estamos rodeados de acessórios que nos facilitam a vida enquanto pais. Os bebés podem ser apoiados em bancos estilo bumbos antes de terem a força para suportar o seu peso; podes mover o bebé de um lado para o outro sem lhe tocar ou o acordar; podes observá-lo sem sequer estar na mesma divisão. Tudo isto tem inúmeras vantagens, mas, será o ideal para o desenvolvimento do bebé?

Acredito que o nosso papel enquanto pais deve ser ativo e o de orientar e criar ambientes que apoiem e sejam positivos para que o bebé cresça e prospere. Para o bebé brincar, imaginar, criar, explorar as suas capacidades ao máximo! No entanto, isto deve ser feito de forma natural e respeitando o ritmo natural do bebé.

Os bebés nascem a sentir – a sentir muito tudo! – e prontos para aprender.

É durante os primeiros 12 meses que o cérebro do bebé cresce mais rapidamente e este período de aprendizagem é essencial para o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo. O cérebro não está totalmente formado quando o bebé nasce e necessita de estimulação do mundo exterior para desenvolver. Ainda assim, esta estimulação deve ser positiva e respeitadora, não forçada. Uma estimulação “correta” pode influenciar o comportamento do bebé, a sua aprendizagem, confiança, capacidade de comunicar e socializar, entre tantas outras coisas! Contudo, esta estimulação deve surgir sob a forma de movimento (livre), contacto e toque, natureza e muita interação pessoal!

É fácil e comum acharmos que o bebé está entediado ali, deitado no chão e que estimular seria sentá-lo para que visse o mundo à sua volta sob outra perspetiva. A realidade é que isso não é verdade. Muito provavelmente o bebé até não estará entediado e o desejo dele de ver o mundo, de o descobrir, será a força que o encorajará – no seu tempo – a levantar a cabeça, a rolar, gatinhar, andar e por aí fora!

Quando colocamos o bebé num sítio ou objeto limitador, que o contém e restringe na exploração de si mesmo e do que o rodeia, é como estivéssemos a fazer ‘pausa’ no seu desenvolvimento.

Permitir ao bebé estar em tummy time por exemplo, ou sobre o teu peito, de forma livre, é uma parte essencial do desenvolvimento e que não exige acessórios extra, permitindo movimento livre. É algo tão simples e que previne plagiocefalia, permite ao bebé estar em contacto contigo, fortalecer-se, sentir o corpo contra uma superfície que pode ser dura (chão) ou mais mole (tua barriga/peito), tanta coisa! Esta atividade ajuda também o bebé a aprender mais sobre o seu corpo, coordenação, habilidades.

Infelizmente a maioria dos bebés hoje em dia encontram-se muito limitada a nível de oportunidades para se explorarem e para explorar o ambiente à sua volta. O bebé passa muito tempo em cadeiras, espreguiçadeiras, carrinhos, ovinhos… Claro, nem 8 nem 80, haja bom senso. Sei bem que cadeiras, ovos, carrinhos são essenciais para transportar de forma segura o bebé! Tal como espreguiçadeiras podem ser aliadas em conta, peso e medida.

Contudo, quantas vezes saímos de casa, colocamos o bebé no ovo, o ovo no carro, transportamos o bebé no ovo durante todo o passeio e voltamos a casa sem que o bebé tenha saído do ovo? Quão limitado esteve o bebé nos seus movimentos e descobertas? Nos estímulos que o ambiente fora de casa tinha para oferecer?

Também não é invulgar termos a ideia que estimular é por exemplo colocar o bebé em posições para as quais ainda não está preparado, como sentar em almofadas ou cadeiras antes do tempo. A intenção pode ser a melhor (e em casos específicos pode até fazer sentido. O Lou chegou a fazer pequenos momentos sentados num bumbo na fisioterapia como parte do tratamento do torcicolo), no entanto, na maioria das situações estamos simplesmente a dificultar o desenvolvimento natural do bebé, tentando acelerá-lo.

Estimular nunca deve ser com o intuito de acelerar o desenvolvimento!

Outra coisa que pode restringir o movimento do bebé e nos passa muitas vezes ao lado é… a roupa! Sim, a roupa! “Que exagero Tânia”. Permite-me que discorde. Existem conjuntos lindos de roupa mas nem sempre permitem boa mobilidade ao bebé. Calças de ganga por exemplo são giras mas nem sempre permitem que o bebé dobre os joelhos até ao peito. Tal como sapatos antes do bebé andar limitam a parte sensorial do bebé! É essencial manter as mãos e os pés do seu bebé descobertos e limitar a quantidade de tempo que usa roupas restritivas – mantê-lo macio e flexível. Não te esqueças: o bebé está a descobrir o mundo E a si mesmo também!

É através do toque que o bebé percebe os seus limites e pode verdadeiramente experienciar o mundo e ambiente à sua volta.

Experiências sensoriais são fundamentais. É igualmente importante que faças parte do processo. Tu, as tuas expressões, tons a falar, a tua cara… é dos maiores estímulos para um bebé pequeno. Os bebés aprendem sobre emoções, sobre como expressá-las e como comunicar observando – observando-te a sorrir, a franzir o sobrolho, a parecer surpresa, nos diferentes tons de voz que usas. Isso consegue-se como? Interagindo! Conectando-nos. Estando presente, mesmo.

O bebé nasce predisposto e sedento para aprender, mas precisa de interação e relação humana! Não depende só de 1001 brinquedos.

E por último, não esquecer nunca a importância do toque, fundamental para o desenvolvimento e auto-regulação desde o primeiro dia!

Por isso, canta, fala, massaja, dança e brinca muito com o teu bebé! Toma atenção à quantidade de tempo que o bebé está em superfícies ou acessórios que o limitam e restringem. Encontra o equilíbrio. O teu bebé precisa de ti, que tenhas um papel activo, respeitador e positivo no seu desenvolvimento! Inscreve-te nos Mini-Cursos Aprender a Brincar para aprender mais sobre o desenvolvimento do teu bebé e como podem juntos brincar.

Boas brincadeiras!

Partilha com outras mães!